sábado, 5 de setembro de 2015

Compra de Cafeteiras vai parar no MPE

As 24 cafeteiras adquiridas pela Câmara de Sumaré em julho, que provocaram investigação por suspeita de superfaturamento, não ficam disponíveis para a população no prédio onde os vereadores trabalham. A reportagem do TODODIA esteve no local na tarde de ontem e constatou que as máquinas são restritas aos gabinetes dos vereadores e outras dependências administrativas, como a secretaria geral. Ao menos seis parlamentares recusaram as máquinas.

A compra das cafeteiras é alvo de inquérito do MPE (Ministério Público Estadual), que apura suposto superfaturamento. De acordo com a entidade, cada uma das máquinas custou R$ 3.499, resultando em um gasto de aproximadamente R$ 84 mil.

Ao menos seis vereadores não aceitaram a cafeteira, conforme seus assessores disseram ontem. Funcionários afirmaram não saber para onde os aparelhos recusados foram encaminhados.
A assessoria do gabinete do presidente da Casa, Wellington Domingos Pereira, o Welington da Farmácia (Pros), afirmou que máquinas ficam guardadas no setor de patrimônio, mas não foi especificado em qual prédio esse departamento funciona - o Legislativo tem dois imóveis.
Neste outro prédio, localizado na Rua Dom Barreto, a poucos metros do principal imóvel da Câmara, a reportagem foi informada que a funcionária responsável pelo patrimônio teve de sair mais cedo, às 15h30, por problemas familiares.
O funcionário ouvido também não soube informar se as máquinas estavam na unidade.

CAFÉ NORMAL

Ontem à tarde, na entrada do prédio principal da Câmara, estavam disponíveis uma garrafa com café, outra com chá e uma terceira de café sem açúcar, mas não a nova cafeteira. No andar superior, apenas uma garrafa com chá estava à disposição da população.
Segundo o inquérito do MP, cada um dos 21 gabinetes seria contemplado com uma cafeteira, enquanto as outras três ficariam livres para serem usadas nas demais dependências do prédio. Ao menos seis vereadores recusaram as máquinas: Cícero Eleotério Bispo (PDT), Décio Marmirolli (PSDB), Geraldo Medeiros (PT), Rui Macedo (PRB), Ulisses Gomes (PT) e Warlei de Faria (PSDB).
Segundo o vereador Rui Macedo, manter uma cafeteira em seu gabinete atrapalharia a rotina do trabalho. "Os assessores estão aqui para trabalhar, não para ficar fazendo café para os outros. Quem quiser café, pode pegar lá embaixo (na entrada)", comentou o vereador.

GABINETES

O vereador Marcos de Paula (PSB) foi um dos que aceitaram a máquina. O parlamentar recebeu a reportagem do TODODIA em seu gabinete e mostrou como a cafeteira funciona. É possível fazer café a base de pó ou grãos, cappuccino e aquecer o leite. Um café curto, a base de pó, ficou pronto em cerca de 50 segundos.
"Acho que tem sido útil. Antes vinham aquelas garrafas, que passava duas horas e o café já estava gelado. Aí recolhiam e tinham que jogar fora. Depois do almoço, vinha mais duas garrafas e perdia um monte de novo. Um desperdício. Aqui você põe o pó de café, e 'puf', está pronto", explicou De Paula.
'UMA M...'

Um assessor de outro vereador, que pediu para não ser identificado, disse que o custo benefício da cafeteira não compensa. "É uma m... Péssimo. Não é prático. Ela faz rápido (o café), mas a qualidade não é boa. Fora que nem usa. Ligamos uma vez, para testar quando veio, e só", contou.
A reportagem foi até o gabinete do presidente da Câmara, Welington da Farmácia, para perguntar sobre o inquérito do MPE e sobre a atual localização das cafeteiras que foram recusadas, mas ele não estava no local.

Ninguém no prédio principal da Câmara soube informar se as máquinas estavam guardadas na unidade. A reportagem perguntou na recepção, secretaria e conversou com funcionários, que afirmaram não saber de nada.
A reportagem tentou entrar em contato com o presidente da Câmara ontem à noite, mas as ligações no celular dele não foram atendidas. Já a assessoria de imprensa apenas reafirmou a explicação dada pela assessora do parlamentar, de que as máquinas ficam no patrimônio.

ASSESSOR

Outro fato investigado pelo MPE é que o proprietário da empresa vencedora do pregão, Issac Aparecido Tonozella, prestava serviços para uma loja de ferramentas de Márcio Squarizzi Piton, que é assessor do vereador Cláudio Meskan (PSB). A Câmara tem prazo de 20 dias para fornecer explicações. Segundo o inquérito, a empresa não existe no endereço cadastrado e teria sido criada um mês antes da abertura do pregão presencial. As exigências do pregão também estão sendo apuradas.
Piton classificou Tonozella como um "faz tudo", e que o homem ainda presta serviços para sua esposa de forma autônoma. "Nem tem como influenciar. Não tenho nada a ver com a venda (das cafeteiras)."

A reportagem entrou em contato com Tonozella, que não quis dar informações. "Você (repórter) pode colocar aí no jornal o seguinte, que eu falei para você pegar as informações no inquérito (do MPE). Só vou responder ao MP", disse.
Fonte: Todo Dia

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