'Mão de ferro', Cristina centraliza as decisões
Prefeita
de Sumaré é chamada de 'Margaret Thatcher' por vereadores aliados
Vereadores
do mesmo partido dizem que encontram dificuldades para conversar com Cristina
Carrara
Dia
desses, na Avenida da Amizade, o rosto da prefeita Cristina Carrara (PSDB)
estava estampado em um cartaz com o título "Procurada". Tratava-se de
uma provocação de moradores da Vila Soma que queriam discutir, cara a cara com
a tucana, sobre os rumos para as famílias da invasão no Parque Residencial
Manoel Vasconcelos. Nem por isso, Cristina os atendeu. De fato, não é fácil
marcar um encontro com a primeira chefe do Executivo na história da RPT (Região
do Polo Têxtil).
Blindada por assessores, a prefeita preferiu não atender esta
reportagem da série sobre o cumprimento das promessas feitas pelos prefeitos
eleitos na região. Por meio da Secretaria de Comunicação, só aceitou responder
às perguntas por e-mail.
No começo da semana passada, também já havia se negado a falar sobre os
acampamentos montados por moradores da Vila Soma em diversos pontos da cidade.
Geralmente, as manifestações da tucana ocorrem por meio de notas oficiais
assinadas pela secretaria ou em programas de televisão com pautas mais brandas.
Ela alega que, nas últimas semanas, tem tido uma agenda agitada.
Políticos e servidores do governo são unânimes em sugerirem adjetivos a
Cristina. Entre as pechas, destacam-se as que lhe atribuem a fama de
centralizadora e durona. "Eu a chamo de Margaret Thatcher", brinca o
vereador Dito Lustosa (SDD), citando a primeira-ministra do Reino Unido entre
1979 e 1990. Segundo o político, um dos mais próximos ao governo, Cristina e
Thatcher têm em comum o "pulso firme". Nos livros de história, a
britânica ficou conhecida como "Dama de Ferro", apelido dado pela
antiga União Soviética, pela posição rígida contra o comunismo.
Como exemplo do "pulso" de Cristina, conta o vereador que na reunião
em que ela demitiu o jovem vice-prefeito Luiz Alfredo Dalben (PPS) do cargo de
diretor DAE (Departamento de Água e Esgoto) a tucana foi impiedosa com o
aliado. "Sentaram, bateram papo e brincaram. Então, ela falou que já
tinham conversado muito e disse que a conversa era mais séria. 'Estou te
mandando embora'", teria disparado Cristina, segundo Lustosa. "Ela é
corajosa. Se tem que tomar decisão, ela toma mesmo", finaliza o vereador.
Além da rigidez, Cristina tem o costume de centralizar o comando da
administração da cidade, fato que divide parlamentares. "Ela gosta de
acompanhar de perto. A cidade não fica na mão de 10, 12, que nem era
antigamente. Se sair alguma coisa errada é porque 'nego' faz sem ordem. E se
faz sem ordem, está enrolado", defende Lustosa.
Embora pertença ao mesmo grupo político de Cristina, o vereador Décio
Marmirolli (PSDB) costuma ser dos mais críticos ao governo e vê com maus olhos
o perfil centralizador da prefeita em uma cidade com área extensa dividida
geograficamente pela linha férrea e pela Rodovia Anhangüera (SP-330). "É
ruim porque a administração é muito complexa. Acho que ela tinha que delegar
poderes ao secretariado e cobrar resposta", critica o tucano. Ele revela
que o estilo de governo da correligionária traz empecilhos até mesmo para
marcar um encontro e discutir assuntos relacionados à cidade. "A gente tem
encontrado dificuldade para conversar. É difícil o acesso a ela", afirma.
"Eu não tenho dificuldade", acrescente Lustosa. "Mas tem gente
que é difícil mesmo", disse.
Em vez de centralizadora, Cristina prefere se dizer "cuidadosa".
"Eu gosto de acompanhar de perto, de ajudar, de visitar e de dar apoio à
equipe, e não de centralizar. Lógico que as decisões finais sobre as grandes
questões, projetos e investimentos são sempre tomadas pelo gabinete, pela
prefeita", comenta.
Diferentemente das afirmações de alguns vereadores, a prefeita diz que conversa
todos os dias com os parlamentares e secretários que a procuram. Também afirma
se reunir com frequência com lideranças comunitárias, mas admite que precisa
por mais o pé na rua.
Aos 54 anos, Cristina Carrara diz que costuma trabalhar em média de 10 a 12
horas por dia. Aos sábados e domingos, ainda participa de eventos que o cargo
lhe exigem. Entre uma canetada e outra, a prefeita revela que pratica
exercícios de duas a três vezes por semana.
Tem o hábito de viajar, frequentar restaurantes e se reunir, aos domingos, com
a família "para bater papo e tomar café". Dentro de casa, com o
marido Paulino Carrara, ela garante que os assuntos do governo são deixados de
lado.
Fonte: O Liberal
Estamos de Olho
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