Em derrota de Cunha, plenário da Câmara derruba distritão
O plenário da Câmara dos Deputados derrubou o sistema eleitoral
onde os candidatos mais votados são eleitos, o distritão. Encampado
pelo PMDB, o distritão teve 210 à favor, 267 contra e cinco abstenções.
Os deputados também votaram o sistema distritão misto.
Eram necessários 308 votos à favor para aprovar o distritão. As
surpresas da noite foram os posicionamentos em plenário do PSDB e do
PCdoB.
O distritão era a proposta que entrou no relatório do deputado Rodrigo
Maia (DEM-RJ), apresentado ontem. PMDB, PTB, DEM, PSC, Solidariedade, PP e
até o PCdoB votaram à favor. PT, PRB, PSOL, PPS, PR, PSB, PDT, PSOL, PV
orientaram o voto não. Durante a votação, o presidente da Casa, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), principal fiador da proposta, deixava claro sua
posição. "Não aprovar (o distritão) significa votar no modelo que
existe", afirmou.
Quem pregou a derrota ao distritão em plenário
argumentou que o modelo torna as eleições mais caras, favorece o
personalismo na política e agrava a crise de representação. "Vai acabar
com os partidos políticos. Se fosse bom, teria sido adotado por vários
países", lembrou o petista Alessandro Molon (PT-RJ), mencionando o
Afeganistão como adotante do sistema.
Em um apelo aos tucanos, que
estavam rachados nesta votação, Molon citou Aécio Neves, que disse hoje
que o distritão é o caminho mais rápido para o retrocesso. O discurso
não sensibilizou os tucanos, que foram liberados a votar livremente,
assim como o PSD e PROS. No caso do PSD, já havia um compromisso do
ministro Gilberto Kassab (Cidades) firmado há 15 dias com Cunha de
liberar a bancada.
"Somos contra esse detritão", afirmou na tribuna o líder do PSOL, Chico
Alencar (PSOL-RJ). "O distritão é retrocesso na política do Brasil",
emendou o líder do PR, Maurício Quintella Lessa (AL).
O relator de plenário admitiu que o modelo não é o ideal, mas considerou
que o sistema majoritário representaria um "um salto à frente" diante
de um modelo eleitoral exaurido. "Não vamos entrar no discurso não tem
no país A, não tem no país B", declarou. O deputado Heráclito Fortes
(PSB-PI) também pregou voto ao distritão e disse que é melhor uma
reforma "Tiririca" do que uma reforma política que não traga os
resultados demandados pela sociedade. "Essa será a reforma Tiririca:
pior que está não fica", afirmou Heráclito.
Em nome do PMDB, o deputado Celso Pansera (RJ) disse que sistema
político atual está desgastado e que essa era a "oportunidade de ouro"
de promover as mudanças. "Todos acham que tem que mudar o sistema mas
ninguém tem coragem de mudar. Nós do PMDB temos a coragem de conduzir
esse processo de mudança", declarou.
No final das contas após muita discussão continuamos na mesma, com o sistema proporcional não muda nada no sistema eleitoral do país.
Estamos de Olho
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