Cerca de 300 ex-funcionários da empresa Soma Equipamentos Industriais, de Sumaré, que abriu concordata em 1990 e faliu em 2004, ainda aguardam processos na Justiça para receber direitos trabalhistas. Segundo a advogada de um ex-funcionário, Heliana Martinez Bertolin, várias pessoas morreram aguardando o pagamento de indenização. O TODODIA entrevistou duas famílias que tiveram as vidas transformadas com a quebra da empresa e a falta de pagamento.
Atualmente, a área onde estava localizada a empresa está ocupada por famílias sem-teto.
A comerciante Elizabete Maria Santos Oliveira, 48, que atualmente mora em Cosmópolis, contou que teve de assumir a criação de dois sobrinhos. Ela é cunhada de um ex-funcionário da empresa, que morreu depois de ser demitido. "Minha irmã era casada com o Edson, mas ela morreu. Depois que ele foi mandado embora, morreu também. A situação foi bem difícil. Eles não receberam nada. A menina tinha 9 anos e o menino 11", contou.
Na época, Elizabete, que era empregada doméstica, e o marido pedreiro tinham três filhos. "O que eu podia fazer? Eles estavam órfãos e ninguém ajudou. Os meus três meninos eram pequenos. Não passamos fome, mas foi muito difícil. Começamos a lutar com muita dificuldade. O menino teve depressão por um tempo por conta de tudo. Se eles tivessem recebido alguma, coisa teria ajudado", explicou. Segundo ela, os dois sobrinhos deveriam receber cerca de R$ 20 mil.
O aposentado Aristides de Jesus Tanner, 66, trabalhou na empresa de 1971 até 2004 e foi o último empregado a ser mandado embora. "Comecei como assistente administrativo, depois analista de custos e contador. A administração da empresa teve problemas, em 1990 abriu concordata e depois foi decretada falência. Ela funcionou até 2004, quando todos os 35 que restavam foram demitidos", relembrou.
Ele disse que trabalhou mais um ano até 2005, sozinho, sem receber nada. "Eu ia todo dia e ficava como se fosse um porteiro lá, recebia oficial de justiça, documentos, fiquei com medo de dizerem que abandonei o emprego. Quem deu baixa na minha carteira foi a Justiça do Trabalho. Desde 1990 a empresa não paga o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), nada", afirmou.
Tanner estima que tem mais de R$ 100 mil para receber em indenizações. "Se tivesse recebido na época, dava para comprar uma casa para cada um dos meus dois filhos. Hoje não compro nem um terreno e se comprar não dá para construir", lamentou o aposentado.
Fonte: Todo Dia
É nossa justiça realmente é lenta, e os anos vão se passando e nada de uma decisão em favor dos trabalhadores.
Estamos de Olho
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