O
site do Facebook poderá sair do ar no Brasil nesta sexta-feira, 04,
caso a empresa não cumpra uma decisão judicial publicada na
quarta-feira, 02, pela Justiça paulista. A medida, anunciada pelo juiz
Régis Rodrigues Bonvicino, da 1ª Vara Cível de São Paulo, versa sobre um
caso envolvendo a apresentadora de TV e modelo Luize Altenhofen. O
Facebook informou que, até agora, não recebeu nenhum endereço eletrônico
relativo ao conteúdo em questão.
Entendendo o porque
No início do ano, Luize
fez supostos comentários ofensivos em redes sociais da internet contra
um vizinho que acusa de ter agredido seu cachorro. Um dos cães da
artista teria invadido o jardim do cirurgião dentista Eudes Gondim
Júnior, no Butantã, bairro na zona oeste da capital paulista.
Segundo
o advogado Paulo Roberto Esteves, que defende Gondim, o cão teria
ameaçado os filhos pequenos de seu cliente, que se defendeu com uma
barra metálica, batendo no animal, que não morreu. Luize Altenhofen
teria se vingado de Gondim, de acordo com Esteves, batendo com seu carro
no portão do dentista. Além disso, ela reclamou no Facebook.
"Quando
ela repercutiu a notícia no Facebook isso se espalhou rapidamente, e
várias outras pessoas, inclusive artistas, foram dando opiniões
agressivas. Na ação indenizatória por danos morais, pedimos que o juiz
concedesse a tutela para retirar essas expressões ofensivas da internet.
Havia até uma foto dele com uma faixa escrito assassino. O endereço
dele também foi divulgado na rede social", diz o advogado.
Ao
longo do processo judicial, o Facebook solicitou que fossem indicados
os endereços das páginas que a defesa de Gondim queria que fossem
removidas do sistema. Segundo o despacho do juiz, Gondim juntou os
endereços eletrônicos e os encaminhou para o Facebook. Contudo, no dia
31 de julho, a empresa "afirmou que não é responsável pelo gerenciamento
do conteúdo e da infraestrutura do site".
A resposta
passada pela rede social ao Judiciário foi a seguinte: "É importante
esclarecer que o Facebook Brasil não é o responsável pelo gerenciamento
do conteúdo e da infraestrutura do site Facebook. Essa incumbência
compete a duas outras empresas distintas e autônomas, denominadas
Facebook Inc. e Facebook Ireland LTD., localizadas nos Estados Unidos da
América e Irlanda, respectivamente".
O juiz Bonvicino
considerou essa afirmação "uma desconsideração afrontosa à soberania
brasileira", "agravada pela notória espionagem estatal, oficial, do
governo americano". Ainda de acordo com o magistrado, "cabe dizer que a
ordem de um juiz de Direito, exarada em um devido processo legal,
integra a soberania do país, porque cabe ao Poder Judiciário também
zelar por ela".
Bonvicino escreveu ainda que "se o Facebook
opera no Brasil, ele está sujeito às leis brasileiras". O magistrado
pondera ainda que a postura da empresa "torna-se ainda mais sombria" se
confrontada com o próprio pedido do Facebook para que o requerente
informasse, por meio do processo judicial, quais páginas deveriam ser
removidas.
"Se o Facebook solicitou os URLs, solicitou para
poder remover as páginas, confessando em consequência seu poder de
administração de sua própria rede social", afirmou Bonvicino. Para ele,
ao descumprir a remoção das páginas depois desse pedido, o Facebook
praticou "um ato de desobediência legal frontal".
Nesse
sentido, o juiz concedeu 48 horas para o Facebook cumprir a ordem
judicial, "sob pena de ser retirado do ar, no País todo, porque, ao
desobedecer uma ordem judicial, afronta o sistema legal de todo um
país". O magistrado ainda escreveu que "o Facebook não é um país
soberano superior ao Brasil".
A decisão, proferida em
despacho publicado na quarta-feira, 2, revela que, se o Facebook não
cumprir a ordem no prazo, as operadoras Embratel, Telefónica, Vivo,
Globalcross, Level 7 e Brasil Telecom deverão bloquear "todos os IPs do
domínio Facebook.com nos cabos Americas I, Americas II, Atlantis II,
Emergia - SAM I, Globalcrossing, Global Net e Unisur", "colocando uma
página com este despacho" no lugar do serviço da rede social "visando a
esclarecer seus usuários".
Outro lado
Em
nota, o Facebook Brasil informou que "tem por política cumprir ordens
judiciais para bloqueio de conteúdo desde que tenha a especificação do
conteúdo considerado ilegal". Não informou, contudo, se retirará as
páginas consideradas ofensivas por Gondim do ar. A empresa também
informou que, até o momento, não recebeu nenhum endereço eletrônico
relativo ao conteúdo em questão.
O advogado de Luize
Altenhofen, Luiz Otavio Boaventura Pacífico, afirmou à reportagem que
contestou a ação movida por Gondim. "Eu pedi dano material porque esse
vizinho deu uma paulada na cabeça do cachorro, um Pitbull que ficou
cego. Entrei com um pedido de dano material por tudo o que ela gastou
com o cão e por dano moral, porque ela ficou muito abalada. Aí, muita
gente se movimentou no Facebook. Muitas pessoas, as que defendem os
animais, começaram a criticar esse sujeito", diz. De acordo com ele,
agora a "briga" é entre o Facebook e a Justiça.
Estamos de Olho
abusos devem ser retirado do ar, para evitar esse tipo de ação...
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