2º Sessão do ano é marcada por agressões
A confusão começou depois que o legislativo de
Sumaré foi invadido por cerca de 20 pessoas e uma delas levou um soco
Em meio a um tumulto na entrada do prédio da Câmara
de Sumaré, manifestantes foram agredidos ontem por um grupo de homens não
pertencentes ao quadro de funcionários da Casa. A confusão começou depois que o
Legislativo foi invadido por cerca de 20 pessoas e o secretário municipal de
Cultura, Esportes e Lazer, Paulo Sciascio Neto, o Paulão do União, desferiu um
soco no rosto de um dos líderes que protestava contra a concessão do DAE
(Departamento de Água e Esgoto).
Seis manifestantes registraram um boletim de ocorrência por agressão,
ameaça e lesão corporal.
Na manhã de ontem, o presidente da Câmara, Rui Macedo (PSDB), baixou um ato
estabelecendo regras para entrada no prédio do Legislativo. Entre outros itens,
o documento diz que a entrada só seria liberada às 17h50, mediante entrega de
senhas - o plenário tem espaço para somente 73 pessoas. O vereador justificou a
medida com base na sessão do dia 4 de fevereiro, quando a reunião teve de ser
encerrada por conta dos protestos, também contra a concessão do DAE.
Por volta das 18h20, contudo, a entrada ainda estava fechada - Rui disse que
houve o atraso por conta de "problemas internos". Quando um vigia da
Casa liberou a passagem para que uma pessoa que estava dentro do prédio saísse,
o grupo de manifestantes pressionou o portão que impedia o acesso e invadiu o Legislativo.
Paulão, então, desferiu um soco no rosto do estudante Nicanor Mateus Lopes, de
22 anos, e um grupo identificado como "seguranças" no boletim de
ocorrência, por conta do porte físico, iniciou as agressões contra os
manifestantes. O tumulto foi presenciado pela reportagem do LIBERAL.
A estudante de História da PUC-Campinas, Danielle Moreira, de 22 anos, afirmou
que levou um tapa no rosto. "A gente entrou e um senhor (Paulão) foi pra
cima do Nicanor. Aí eu empurrei esse senhor e ele pegou e me deu um tapa",
relatou a jovem. "Eu luto todos os dias contra a violência contra a
mulher, aí eu entro na casa do povo e sou violada desse jeito", completou.
Já o diretor do Sindicato dos Radialistas, José Luiz Foga, conseguiu entrar no
plenário, porém foi retirada à força pelos "seguranças" e, durante a
confusão, cortou a perna esquerda. Posteriormente, quando foi atendido na UPA
(Unidade de Pronto Atendimento) para exame de corpo de delito, recebeu 15
pontos.
Embora tenha o presidente da Câmara enviado, anteontem, um ofício à Secretaria
Municipal de Segurança pedindo "serviço de segurança", a GCM (Guarda
Civil Municipal) chegou ao local somente às 18h30, quando o tumulto já havia
dissipado. A corporação fez um bloqueio em todas as entradas, impedindo novos acessos.
A reportagem visitou o plenário às 19h25 e 30 pessoas se encontravam na sala.
Mesmo assim, não foi permitido que outras visitantes subissem. Rui disse que as
pessoas que pegaram a senha provavelmente desistiram de assistir a sessão por
temor à integridade física. Paulão afirmou, por meio de seu filho, vereador
Henrique Stein Sciascio, o Henrique do Paraíso, que "em momento nenhum
agrediu ninguém fisicamente". "Na verdade ele foi cercado por pessoas
estranhas e estava tentando se desvencilhar para subir para a sessão",
disse Henrique. O parlamentar não explicou o que o pai estava fazendo na
Câmara.
Presidente diz que não irá permitir tumulto
O presidente da Câmara de Sumaré, Rui Macedo (PSDB), disse que não irá
permitir que "baderneiros" interrompam o andamento das sessões da
Casa. "Está se tornando hábito desse grupo tentar paralisar os trabalhos
legislativos e prejudicar a vida política e administrativa da cidade. Nós não
vamos permitir isso. A Casa é democrática, aberta, mas nós temos que seguir regras
de conduta e respeito", defendeu.
Questionado se o ato baixado por ele, organizando a entrada no Legislativo, não
teria influenciado no tumulto, Rui negou. "Quem nasce ruim já é ruim. Esse
pessoal já vem predisposto a criar baderna. Se viesse e pegasse a senha e se
comportassem adequadamente, não teria problema", disse.
O presidente negou que tenha chamado seguranças particulares para cuidar da
Câmara. "Não tenho conhecimento que elas (as pessoas que realizaram as
agressões) estariam na Casa. Quem se sentiu agredido que procure o plantão
policial e a Justiça", afirmou.
Segundo Rui, as senhas foram distribuídas na secretaria do Legislativo ao longo
do dia. "Por questão de segurança, rota de fuga, temos que limitar a
entrada", disse. De acordo com a Procuradoria Jurídica da Casa, novas
senhas são elaboradas toda a sessão. Alguns manifestantes alegaram que
funcionários comissionados da prefeitura teriam pego todas as senhas. "Tem
pessoas que têm interesse (em participar da sessão) e vem na hora do almoço, no
início da tarde (pegar a senha)", disse Rui.
Ninguém é a favor de violência, manifestações são legitimas quando feitas ordenadamente e respeitando as leis acima de tudo, invadir a câmara não é legal, algumas pessoas usam da força para reivindicar seus direitos, porém temos que analisar que o numero de pessoas é limitado na câmara, não só para evitar baderna durante a sessão mas por questão de segurança, já que o plenário fica no antar de cima, e provavelmente não comporta um numero excessivo de pessoas.
Mas fica umas perguntas que não quer calar, se a guarda municipal foi acionada com antecedência porque da demora? Já que havia recebido um oficio solicitando a segurança no local, até parece que queriam que ocorressem tumulto, já era de conhecimento de todos que haveria protesto no local, porque não agir antes?, porque não trabalhar na prevenção?
Estamos de Olho